Aliança ODF ganha divisão brasileira

Com o objetivo de fomentar a utilização e substituição de documentos em formato proprietário por soluções de padrões abertos, a Aliança ODF (Open Document Format) acaba de ganhar uma divisão local brasileira. Criada em março de 2006, a organização busca incentivar a substituição de padrões proprietários de documentos por padrões abertos. A iniciativa, de acordo com seus organizadores, está tendo apoio de governos como Bélgica e dos estados norte-americanos da Califórnia, Ohio e Texas.

“A mudança para padrões de documentos abertos tem diversas vantagens. A integração com aplicações de terceiros, por exemplo, é muito mais simples, já que eles têm acesso ao código do tipo de arquivo que será trabalhado”, aponta Jomar Silva, diretor geral do capítulo brasileiro da Aliança. O executivo destaca que o Brasil foi o primeiro país na América Latina a ganhar representação da organização. No seu primeiro encontro com a imprensa, a organização contava com a presença de representantes das empresas signatárias IBM, Red Hat e Sun.

A Aliança está cercada de polêmicas. Por propor a substituição de padrões proprietários usados em larga escala como doc (textos), xls (planilhas) e ppt (apresentações), a iniciativa também está sendo vista como um ataque à Microsoft e à linha Office. “Não se trata de um conflito de um produto por outro produto. Também é errado misturar o conceito de padrão com produto”, garante Haroldo Hoffmann, executivo de iniciativas estratégicas da IBM Brasil, signatária da organização.

Para ele, uma discussão polarizada entre ‘fãs da Microsoft’ e ‘rivais da Microsoft’ não é efetiva e prejudica o objetivo do projeto: “opção de escolha”. “O foco está no cliente, em oferecer novas opções para ele. Mapeando a suas necessidades, ele vai poder escolher o padrão que for mais interessante”. O executivo ressalta, no entanto, que a IBM não pretende se envolver diretamente oferecendo serviços para migração de documentos em padrões proprietários.

Ao citar o e-mail, que pode ser aberto em qualquer lugar e por qualquer plataforma, Jomar Silva destaca que a mesma lógica não pode ser seguida pelos anexos, que dependem de determinados tipos de aplicações e de padrões para serem lidos. “Em uma emergência, como o Tsunami na Ásia, os problemas foram imensos. Instituições não conseguiam se comunicar com outros governos por problemas com os padrões do documento e, enquanto isso, pessoas morriam”, argumenta. O diretor arremata: “Hoje, podemos estar produzindo diferentes arquivos que serão hieróglifos daqui a trinta anos. Sem padrão aberto, a única possibilidade de ver do que esses documentos tratam será via engenharia reversa”.

Fonte: Computer World